Esta história relata o acontecido entre dois personagens que não se conheciam, não se conhecem, mas se imaginam amantes.
O Rei Poli, depois de se tornar viúvo, se casa novamente com a Rainha Glota. O Rei tinha uma linda filha, que se chamava Rapunzel e era constantemente maltratada por sua madrasta.
Um dia a madrasta, enciumada pela beleza de Rapunzel (que era também conhecida como Rapunzel Poliglota), a deixa encarcerada em um castelo, no alto de uma torre, completamente inacessível.
Passam os anos, quase uma década, e Rapunzel se acostuma a viver na Torre. Achava que tinha tudo o que precisava. Se julgava feliz! Sua única diversão era ouvir a música que vinha da casa de um homem que vivia em uma cabana na floresta, perto do Castelo. Era uma música suave e ritmada, que fazia com que Rapunzel bailasse por horas. Bailava com tal harmonia e sensualidade que os passarinhos pousavam em sua janela para observá-la. E se enamoravam pela beleza do seu ritmo. Eles, os pássaros, pensavam que ela, Rapunzel, era uma Fada.
O que ela não sabia era que o homem tocava para ela. Sim por estas coisas que a ciência não explica e os mortais não compreendem, esse homem era, assim como os passarinhos, apaixonado por ela. E via nela a Fada que transformaria sua vida.
Ele era considerado por todos na Aldeia um selvagem. Vivia isolado e nunca conversava com ninguém. Era tido como mudo e as pessoas não sabiam o que ele fazia tanto tempo caminhando sozinho pela floresta ou trancado na sua cabana.
Uma noite ele não resiste, vai até o pé da Torre e começa a tocar para ela. Ela começa a bailar. Ele se enamora definitivamente ao ver o seu perfil pela janela. Ela se sente seduzida pela música que chega aos seus ouvidos em tom de poesia. Ele sobe até a Torre, ninguém sabe como. Bailam juntos. Se tocam. Ela se pergunta como pode ser ele considerado um selvagem se a ela lhe parece um poeta.
Ele a toca com força, ela pensa: selvagem.
Ele sussurra em seu ouvido e ela pensa: poeta.
Poeta selvagem, selvagem poeta.
Ela sorri com essa imagem e ele se apaixona pelo seu sorriso, pelo seu ritmo, pelo seu humor.
Bailam, conversam, e se tocam por mais de 30 horas. Fazem juras de amor, ainda que tímidas. Se descobrem. Ciclo breve, intenso, surpreendente. A beleza do momento supera uma possível dor futura. Um plano. Ela deveria deixar o cabelo crescer, até o instante que ele conseguisse subir pelas paredes se apoiando em seu cabelo e resgatá-la. Cada um é artífice de seu próprio destino, comentam. Se olham, como que duvidando de sua própria sentença...
Se afastam. Seus destinos assim o exige.
Destino?
Despertam em uma manhã sem sol e fria, com uma chuva suave. Ela na Torre, ele ao pé da Torre. Ninguém sabe como ele desceu. Foi um sonho?
O Selvagem (para ela também poeta) segue como antes. Caminha só e vive trancado em sua cabana. Ela em sua torre. Rapunzel Poliglota.
Ficou a promessa do reencontro. Da bailarina e do selvagem. Da poliglota e do poeta.
Além da promessa, o desejo. Cada um é artífice do próprio destino. Será?
abril 1998
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